...Após receber a carta Pólux resolveu seguir os conselhos de Pandora e afastar-se da deusa que tentara arruinar a sua vida. Mas não estava com medo, não! Ele era forte, audaz e tudo que ensinara à Pandora já estava sendo executado e posto em destaque em sua vida, assim como em seus pensares. Ela sentia-se grata, sabia que Pólux não aguentaria a pressão exercida sobre ele, havia ficado desconcertado com tamanha insanidade de Medusa. Sendo assim deu as últimas orientações à sua pupila querida, sua voz estava embargada e olhos marejados; já a moça chorava copiosamente, ela não queria que as coisas terminassem assim, mas foi necessário. Num rompante alucinante de Pandora ela rasgou as suas vestes, nua ficou, afim de que toda aquela paixão fosse consumada, ainda que fosse pela única e última vez. Pólux a olhou, alisou os seus cabelos, secou sua lágrimas,respirou fundo, quase retrocedeu, mas ele não podia! Ela agora olhava para baixo, ficara envergonhada com seu próprio disparate, o coração batia acelerado. Sendo assim ele a abraçou, a beijou na testa, depois em uma de suas maças do rosto, pegou suas mãos, beijou-as, tirou sua capa, uma capa muito linda, azul turquesa, da cor de seus olhos, envolveu-a e virou-se...
Muito aprendera com ela também e muito sorrira, leve ficara, gostava dos encontros e noites em claro, mas era chegada a hora. E eles viviam um tempo diferente do nosso, onde o tempo para eles era como kairós de Deus-um dia era como mil anos.Então haviam ficado mais ou menos por 20 milênios juntos, algo como 20 dias em nosso cronus tempo.
Sendo assim ele apenas estalou os dedos e eis que apareceram cavalos de fogo, cavalos enormes, uma linda carruagem onde encontrava-se Minotaurus, seu amigo fiel. Ele olhou para o amigo e perguntou sorrindo: Minotaurus, deixaste o labirinto aos cuidados de quem? E ele também sorriu. Vamos amigo, ande logo! Estão nos esperando!
E então Pólux partiu em uma carruagem de fogo, não mais foi visto por Pandora. Deve ir para os Alpes Suiços, ou para o meio da Terra, onde está o Meridiano de Greenwich, pensou ela... E delicadamente abriu o envelope timbrado que ele deixara para ela. Na frente estava escrito: À Pandora com amor...
E dentro do envelope uma singela cartinha, com os mesmos dizeres do que seria o mais belo e fidedigno poema dos dois(Anjo Pandora). Estes eram os versos que Pandora mais gostava:
"Caminhos que se cruzaram, diferenças que se chocaram
Cumplicidade inserida em pauta e letras, imperfeita,
Pois nao existe cumplicidade sem toque, sem olhares
Apenas pesares...
E se pensares que é o inicio, já viu que é fim
Mas quer versar para ti, olhos que agora ve e sabe
Expressivos, assim como mãos, e dizes a ela:
Olhares no horizonte, sensuais, lindos
Corações descompassados de ternura, suspiros,
E faze-a pensar...que estará ilesa se por acaso um dia a encontrar
Ilesa em provar que continua sendo a mesma..
A decepção não te causará dor,ainda mais: esperanças, alegrias e fiel euforia, até diria amor..."
The End
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