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No mundo

julho 28, 2013

Retorno de Saturno




"A dor só existe em mim...Que disfarço e desfaço-a com capricho de quem quer esquecer. Mas esquece-te de uma coisa: que o fim já era sentido, mas nunca imaginado...E a esperança não mais existe, perdeu-se em meio às dúvidas dos sentimentos. Ora, eis que estes agonizavam e desprendiam-se do mais íntimo do meu ser. Um misto de "tanto faz" com "tanta falta que faz".
Na lembrança apenas a saudade: das memórias que ecoam em mim, de amor nosso, inseguro, inconstante, irreal. Somente nosso, que independente de nomes ou rótulos não deixou de ser nosso, de ser amor, de ser..."





Tinteiro


Durante nossa vida, caminhamos entre linhas desconectas,escrevendo nossa história, entre muitas histórias...Somos como “canetas tinteiro”,por vezes transbordando rios de palavras..por outras secos e vazios.
Histórias que se cruzam, histórias que nos atravessam e atravessam nosso caminho, novelas,novelos...Romances e tragédias escritas por nossas próprias mãos e por outras. Permitimos que outras mãos nos conduzam a escrita, mudamos nossa caligrafia de acordo com o ritmo da escrita.
Traçamos então uma meta:de não deixar mais que nos furtem a identidade..deixamos de escrever..passamos então a digitar. Sempre com a mesma fonte, por vezes em negrito, mas sem variações.
Começamos então a nos sentir seguros..Escrevemos com as pontas dos dedos, sentindo cada letra, abreviando palavras e inventando outras...Nossos movimentos serão os mesmos de mil outros, pois nossa caligrafia já não mais importa e quem se importa? 
Dia após dia, viramos uma página da vida..entre linhas e em suas entrelinhas contamos um conto..escrevendo torto por linhas retas.
De tempos em tempos folheamos este livro..Este manuscrito autobiográfico e percebemos quantos “eus” já passaram por ali. Personagens que criamos ou a evolução de alguém em construção? Em essência somos os mesmos, o mesmo papel com tintas diferentes..
Escrevemos também no vento e palavras voam soltas em papéis virtuais. Nossos mensageiros, mesma letra, entre som e vibração..alertando sua chegada.
Porém, ainda somos “pena”..E marcamos cada linha, mesmo sendo reticentes..(entre parênteses)..ainda somostinteiros.
E somente nos mostramos em escrita para quem não nos inibe, para quem redescobrimos nossa letra..e caprichamos nela..pois dizem muito de nós..por nós.
Caminho que oscila entre o cérebro e o coração..enquanto nossos olhos orientam o que as mãos conduzirão em uma dança sobre o papel, como patinadores em pistas de gelo...marcando vidas..tatuando informações..sentimentos..corações.
E assim vamos vivendo..caminhando e escrevendo..colorindo em preto e branco..até que um dia, que será o derradeiro..se findem nossas páginas e se esvazie .. 
O tinteiro...
 De R. C.