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No mundo

setembro 01, 2010

Mar da Vida


Mais uma bela tarde de praia, eu e meu filhote. O sol estava brando, o vento frio e veloz, o mar bravio. "Bem, pensei, me bronzear não vou conseguir", então resolvi observar: a natureza,o céu, o mar, as ondas, as pessoas, meu filho e a mim mesma. Estendi a canga na areia fresquinha e clara, acomodei minha bolsinha com óculos,chaves e celulares. Fui até a beirinha, meu filho já corria para lá e para cá, ora com a sua bola ora para o mar na tentativa também de vencer as ondas que insistiam em quebrar em cima de nós.Ficamos rindo e brincando, apenas eu e ele e algumas pessoas, casais e crianças, pouca gente. No quiosque em frente estavam os salva-vidas, estrategicamente posicionados e muitos helicópteros sobrevoando. Realmente estava muito diferente de semana passada, fria a água e bravio o mar. Sentamos na areia e ficamos observando as sequencias de ondas-eram três grandes, duas médias e breve calmaria. Os surfistas também, já na água e sentados em suas pranchas. Então comecei a observar todas aquelas pessoas que tentavam entrar, assim como eu e imaginei que o mar representava a nossa vida. Às vezes ondas fortes, ondas medianas e por assim dizer também um breve descanso. No geral o mar estava pouco convidativo, visto que quando começávamos a ensaiar uma entrada vinha mais uma onda em nossa direção; nós corríamos, não queríamos enfrentá-la, corríamos de volta a areia, nosso porto seguro. E às vezes com dificuldade, pois elas nos arrastavam com uma força descomunal, digna da natureza. Não era só comigo, com todos que ali tentavam...assim como na nossa vida, que sempre estamos tentando e enfrentando novos desafios, às vezes fugimos, mas ainda somos pegos pelos problemas ou situações adversas que tentam nos arrastar para um mar de ilusões, fracassos ou dificuldades.Poucos conseguiram driblar a correnteza e prosseguir. Atravessar a arrebentação, ficar na calmaria.Eu fui uma delas, com essa minha teimosia em nadar em mar aberto, sem medo das ondas ou dos "caixotes"( ou caldos) que elas nos oferecem, se nos pegam desprevenidos. E é engraçado quando ela pega a gente, dependendo da onda a gente pensa que vai morrer, se afogar, mas não. Ela nos cospe para areia, como se tivesse ficado irada em não termos sucumbido. E saímos tortos, cheios de areia, descabelados,quem nunca passou por isso? rsrsrs. Ás vezes até sem bikini(comigo nunca aconteceu não). E assim é a vida...vez em quando nos prega uma peça e pensamos até que vamos sucumbir, mas nosso instinto de sobrevivência é maior e nos faz resistir, ainda que saiamos machucados, dilacerados e maltrapilhos.Mas não ficamos com raiva, talvez medo do mar, respeito...assim como na vida, passamos a valorizá-la e tratarmos com respeito quando sentimos que estivemos por um fio. E não só nessas circunstâncias...sempre a olhamos como algo precioso, dado por Deus, com seus mistérios, sua beleza, riqueza e imensidão, assim como o mar...
Eu e minhas analogias e constantes observações... No entanto alguns não se arriscaram a molhar os pés, nem sequer foram ao mar, pediam a filhos ou outros que buscassem "baldinhos de água", para poderem se molhar. É mais cômodo e menos perigoso que se sujeitar ou enfrentar desafios, não é mesmo? E eu sou mulher de ir à praia, um marzão daquele e tomar banho de balde? É melhor ficar em casa..acomodada. As pessoas tem medo de enfrentar seus medos, encarar desafios e preferem ser dependentes muitas vezes dos outros. Confesso que não foi fácil sair da arrebentação e voltar para a areia. Em um momento me arrependi, minhas pernas doendo, as pessoas me olhando, apenas dois rapazes ao meu lado-"Acho que estão no sufoco também". Mas conseguimos sair. Olhei para o quiosque os salva-vidas já não estavam mais, meu coração disparava, saímos da água e rimos, meu filho já me fazendo sinal, acho que preocupado, pois fiquei uns vinte minutos tentando sair.No final tudo bem, estávamos na areia. Um dos rapazes me olhou e falou:"Poxa, você viu como estava puxando? A minha sorte é que tinha um banco de areia". Eu ri e pensei..é..ELE sempre dá um escape! O meu foi ver que havia alguém ali me esperando, que era dependente de mim,parte de mim. E que a minha vida é o meu melhor presente dado por Deus!!

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