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No mundo

julho 04, 2011

Biografia da menina

Quando nasceu e enquanto cresceu ela se viu numa família onde era a princesinha do papai. Ele a tratava como uma jóia rara e de tudo fazia para agradá-la e fazê-la feliz.
Juntos eles desbravavam o imaginário da astronomia. Ele mostra-lhe as constelações e planetas, todos os dias quando chegava do trabalho e ela, muito afoita, pedia-lhe para colocá-la sentada na janela do prédio de dois andares. Ali ela sentia-se protegida por ele, ainda que sem grades e ela sabendo que apenas os braços de seu pai a sustinham...pois ela confiava nele.
Durante o dia ela estudava e brincava. Lembro-me que neste apartamento havia uma enorme varanda que rodeava todo ele e as janelas que abriam para o lado de fora eram seu constante alvo de cabeçadas em suas quinas , pois com seus patins de ferro e quatro rodinhas ela dava voltas e mais voltas, batia com sua cabecinha e sua mãe, supersticiosa , colocava borra de café e dava-lhe arnica. Até hoje eu acho que as inúmeras pancadas acabaram por deixá-la um tanto quanto...(maluquinha)...rs

Ela era diferente. Sentia-se assim, porque no seu inconsciente imaginava histórias e via-se constantemente nelas, um emaranhado de situações com início, meio e fim. Tinha um pianinho azul que jurava tocar sozinho durante a madrugada e muitas foram as vezes em que ela acordara seus pais para lhes mostrar que falava a verdade. Até que um dia o piano tocou! Suas teclinhas batiam como se estivessem dedilhando e seu pai, muito desconfiado desmontou o pianinho e descobriu que era um camundongo que todas as noites por dentro do piano roía suas teclinhas por dentro e causava esse som verídico, pois ele pisava nelas! Ah! ela ficou muito decepcionada, porque achava realmente que eram espíritos ou seu amigo imaginário. Deu-lhe até o nome de Frederico.
Sua melhor amiguinha era a Marília, outra menina sonhadora e um tanto quanto "macabrinha" para a idade dela. Com o tempo foi colocando coisas na cabecinha da jovem menininha, tipo histórias de fantasmas, mulher-loura e casa mal assombrada. A menininha foi tomando pavor dessas coisas, mas ao mesmo tempo sentia-se muito ouriçada por esses assuntos e fantasiava contos de terror e histórias fúnebres. Seu pai sempre ouvia-a atentamente segurando o riso e atiçando mais ainda seus devaneios. Ele era maçom e ela achava todo aquele universo lindo demais! Todas as terças ela ficava observando ele metodicamente se arrumar para ir às sessões e seu sonho era saber todos os segredos que ela sabia que existiam naquela valise preta que ele colocava em cima do armário. E um dia ele mostrou para ela. Ela devia ter uns seis ou sete anos e ficou deslumbrada! Ainda lembra até hoje: um anel muito bonito, luvas brancas de cetim, um capuz preto, kimono preto, um avental azul e branco com duas caveirinhas (tipo aquele símbolo de PERIGO), muitos livretos falando sobre uma sigla G.A.D.U, dentre tantas outras coisas, inclusive alguns símbolos de arquitetura e astronomia.
Sua mãe brigava com ela. Acho até que ela tinha ciúmes de seu pai, porque eram muito unidos e ele a defendia de seus três irmãos pentelhos que viviam implicando com ela. Aos poucos ela foi acompanhando seu pai nas sessões e festas, assim como iniciações maçônicas, mas nunca podia entrar em alguns lugares da loja(é assim que eles chamam). As festas eram espetaculares e os priminhos dela(pois todos eram primos, tios, irmãos e cunhadas), cavavam uma verdadeira maratona em busca de descoberta de mistérios e sonhos de serem maçonzinhos quando crescessem...Mas ela sabia que não poderia, pois era mulher e não podia! Mas se contentava em viver aquele mundo que era apenas do seu pai.





(continua)

Um comentário:

  1. Bom dia minha amiga!
    Estou amando a biografia dessa menininha(que penso saber o nome!) e espero que continue logo, viu? Vou esperar...rs
    Beijos...com carinho e ternura de mana...Mila.

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