Pesquisar neste blog

No mundo

julho 04, 2011

Ainda menina...

Na escola era sempre foi a mais estudiosa, a mais inteligente, a mais quietinha, a mais observadora, a mais complexada. Não gostava de soltar os cabelos(só vivia com eles presos num rabo de cavalo ou maria-chiquinha). Não olhava sequer para os meninos que a paqueravam e se fingiam de amigos só para sentarem ao lado dela. Era sempre os mais estudiosos também, mas ela só gostava dos pimentinhas. Lembro que ela era apaixonada pelo José Augusto e é claro que em silêncio sempre escrevia cartas que nunca chegariam até ele, assim como poeminhas e músicas. Tinha uma caderninho só para essas coisas e muitos nem acreditavam que era ela quem escrevia, pois ela mesma não falava disso para ninguém, muito menos para seu pai.

Aliás, em se tratando de seu pai tudo ela tinha medo da possível reprovação dele, até que um dia eis que seu pai teve que puxar suas orelhas e ralhar com ela muito sério. Ela ainda lembra da dor em seu peito , da vergonha e de todo o misto de sentimentos que chegaram-lhe ao coração. Seu pai fumava um cigarro antigo que nem sei mais se existe, chamava-se Minister e ela achava lindo ele fumando e sempre pedia para acendê-lo, o que obviamente ele ria e não deixava. Até que um dia ela estava brincando com suas coleguinhas na rua e catou diversas guimbinhas , colocou-as num potinho e foi para casa. Cuidadosamente entrou no banheiro, encheu a banheira para tomar banho (nesse apto tinha uma banheira enorme e branquinha!) e acendeu uma guimba e começou a fumar. ..rs Na verdade ela tentou, porque logo se sufocou com a fumaça e seu pai a pegou no flagrante!
_Não!!! Não faz isso, menina!-ele gritou.
Chamou sua mãe e contou o que havia acontecido e lembro que ele a colocou em seu colo e puxou suas orelhinhas, mas não muito forte, só para assustá-la. Ele ralhou com ela, lavou suas mãozinhas e ela começou a chorar. Ela era arteira e na mesma semana já havia imitado sua mãe raspando uma perna com a gilete e passado água oxigenada em seu cabelo para ficar loura. Acho que ela estava com crise de identidade...rsrs


E como seus irmãos riam dela e caçoavam. Era única filha mulher e para quem sabe o que é isso deve ter em mente o quão também ela foi meio "moleca". Jogava bolinha de gude, soltava pipa, futebol, carniça, taco, todas aquelas brincadeiras de meninos. Nesta época estavam morando em uma casa bem grande que tinha piscina e quintal e sua mãe cortava um dobrado com eles. Era uma escadinha: De três em três anos seus pais resolviam fazer um novo bebê e na tentativa de conseguirem outra menina acabaram chegando aos quatro. Sua mãe nunca foi muito paciente e era muito brava, sempre foi. Papai era mais calmo, um doce.
Ela tinha medo da sua mãe, principalmente quando fazia "coisinhas erradas". Era chinelada na certa! Sem falar que sua mãe sempre foi ótima mãe, mas meio doidinha também. Nunca esqueço como ela deixava seus filhos pequenos entrarem no mar bravio de Copacabana sem sequer ter algum cuidado. Lembro-me que a menininha passava vários "sufocos" com seus irmãos a fim de não se afogarem e às vezes gritavam por ela mas ela não via nem ouvia! Mas assim acabaram aprendendo a nadar, entre "caixotes" e litros dágua engolidos...rs
Chegavam esbaforidos na areia contando o que havia acontecido e ela ria, achava que era brincadeira. Então sentavam e pediam picolé. Naquela época não tinha muito essas coisas de helicóptero e salva vidas...Aliás, naquela época o mundo ainda era muito diferente: ingênuo, doce e feliz...


(continua)

Um comentário: