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No mundo

julho 04, 2011


Em meio à tantas dúvidas e embaraços, sua cabecinha parecia que ía dar um nó às vezes e ao mesmo tempo em que era uma menina normal, ela mesma se achava diferente em vários aspectos. Não que se sentisse melhor ou pior que as outras da sua idade, apenas diferente. O mundo espiritual muito lhe instigava e ela gostava de mexer com essas coisas. Filmes de terror, brincadeiras do copo, uma postura meio gótico-infantil, eu diria...rs
Nesta época ela já devia ter seus dez, onze anos e foram morar em uma casa de dois andares que tinha um sótão e uma laje muito alta onde abrigava as caixas dágua. Havia uma pequena escadinha que ela subia e por lá se refugiava, principalmente quando fazia coisas erradas e sua mãe queria bater nela. Aos poucos foi se tornando seu "submundo", onde por lá só levava sua amiguinha mais chegada e escrevia, mexia com as pessoas na rua ou apenas ficava por lá pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. Seus pequenos segredos ela levava pra lá, assim como suas superstições e suas bonecas. Às vezes ela levava também seu cachorrinho e ria porque ele ficava com medo de cair e se agarrava à ela com as unhas e com força sem ao menos ela precisar segurá-lo! rsrs O nome dele era Pelezinho, um beagle todo pretinho que algum tempo depois morrera envenenado, pois ele era arteiro e fugia de casa e quando voltava geralmente estava cheio de pulgas e sujo. Então ela decidiu colocar uma coleirinha com os seguintes dizeres: "Meu nome é Pelezinho. Moro na rua Sousa Cerqueira, 58-Piedade" E sempre aparecia um trazendo ele de volta.


Ela não conseguia entender, mas para ser mais clara ela se achava diferente porque via "coisas". Muito estranhas...Ela falava, mas ninguém acreditava! Até que seus pais começaram a perceber sua introspecção e tristeza. Ela tinha medo de tudo e começou a se enclausurar dentro de casa e apenas sair para ir à escola. Rezava seu tercinho todas as noites e dava graças a Deus quando amanhecia, pois tinha medo dos sonhos e das vozes que ela ouvia. Nesta época ela já havia feito catecismo, mas ainda não era tempo de se crismar, então apenas frequentava as missas e grupos jovens, o que para ela muitas das vezes era uma tortura...(ela não gostava muito).
As coisas foram tomando um vulto estranho e perigoso e seus pais confundiam tudo. Eles achavam que ela estava doentinha. Levaram-na em todos os médicos da cidade, fazia vários exames e eletroencefalogramas...Ela melhorava e depois começava tudo de novo. Até que um dia ela acordou dizendo que sua avó havia morrido e uma hora depois seus pais receberam o telefonema que deixara todos assustados.Sua avó havia morrido realmente e ela se lembra que conversara com ela na noite anterior.

Ai! Ela estava em frangalhos! Não sabia o que pensar ou o que fazer. Não podia mais assistir filmes de terror, nada de histórias assustadoras, sua mãe a levava em rezadeira, igreja, o padre orava e benzia. Ela achava que estava possuída igual à menininha do filme "O exorcista". Ela ía para a missa e não aguentava ficar meia hora. Era como se algo mandasse ela ir embora dali, não deixava ela ouvir o padre. Um dia ela saiu correndo para casa e seus irmãos atrás dela desesperados. Ela correu, correu, correu e quando chegou nas caixas dágua uma voz mandava ela se jogar dali. Mas ela fazia um esforço sobrenatural para domar aquela força e conseguia...Mas ficava exausta, chorava, lá ía ela para o hospital e só se sentia bem quando estava em um deles, pois lá ela conseguia esquecer e dormir. Os médicos a entendiam, eram carinhosos e ouviam-na. Decidiu então que queria ser médica.
Nesta época não havia espaço para mais nada na família a não ser cuidarem dela e seu pai começou a questionar-se sobre os cultos maçônicos que frequentava...Por ela ele faria qualquer coisa, até abandonar o que ele prometera até o fim permanecer...


(Não sei se continua...rs)
IMAGENS GOOGLE

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