Da janela
Não mais da linha amarela
Agora do oitavo
Entre redes e trânsito
Chuva e mar
Pessoas inertes , gritos de gol à frente
Penso em tantas coisas...
Na vida, em paz
Uma lágrima que cai...
Com os dedos entrelaçados na rede
Cabeça recostada, vento forte e frio
Penso em castelos
O quanto brincamos de erguê-los
E desmoroná-los depois..
O quanto lançamos
palavras ao vento,
movidas por sentimentos
mesquinhos,
mas verdadeiros e de auto-defesa
Como se precisássemos,
para aliviar a pressão exercida
seja lá pela areia que tacaram em nossos olhos
ou quem sabe chutaram este mesmo castelo,
precisássemos defender nossa paz
e a liberdade de sermos pós-errantes
em busca da mesma que a nós antes era tão suprema,
suprassumo de tudo que chamamos livre e leve..
Que todos possamos sentir essa mesma paz...
Ninguém é bom o suficiente ou mal ao extremo.
Somos humanos, perecíveis num estalo
putrefatos em horas...
O arrependimento vem em lascas
Mas o sentimento, a alma, ao contrário da carne
Este não é perecível
É dinâmico
E ao mesmo tempo fica estagnado
Movido por ações e delimitado pela paixão.
Ai de quem nunca sofreu por amor
Está fadado a morrer sem saber que dor
É essa, que força estranha é essa
Que te faz sair do prumo
Ficar sem rumo..
Desistir, persistir...
Ser penoso em maltratar-se
Sem pressa e ao mesmo tempo com as garras da convicção afiadas
Sentindo-se também injustiçada
mas ferina,
só Deus conhece
o interior e seus pulsares.
E em arrependimento o Espírito grita
com gemidos inexprimíveis.
Sofre, mas continua agarrada à rede.
Com seus dedos entrelaçados..Pele seca, pálida e trêmula
Só em sua própria sinfonia melancólica da depressão
latente e vigente em dias de trovão
relâmpagos e nuvens espessas.
Mas sempre em esperança,
sabendo que o sol ressurgirá
para todos, cada um em seus devidos lugares.
E eu espero que sim..
espero o dia de sol.
espero este dia..
Espero somente.